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Overdosem-se!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O mal estar da civilização

O título é de Freud e, sendo bem sucinta, se refere ao mal estar que a cultura proporciona. Esta cultura, que nos diferencia dos demais animais, diversas vezes se confronta com os desejos e necessidades inerentes aos nossos instintos. Assim, em função da convivência em sociedade, acabamos tendo que nos reprimir – o que gera o mal estar, depressão. Interessante, né? Fica aí a deixa pra quem quiser se aprofundar.

Essa nota me veio à mente depois que “tomei nota” a respeito de um texto muito bom indicado por Leo, o pardo. Segue abaixo os fragmentos que mais me chamaram atenção.

No entanto como um texto fora do contexto é um pretexto, sugiro que bebam água da própria fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI249779-15230,00.html

“Suspeito que o mal-estar contemporâneo tem muito a ver com não estarmos à altura do nosso tempo. No passado, havia “outsiders”, gente que desafiava a tradição para inventar uma outra história para si. Hoje, com a (bendita) falência da tradição, talvez o que se exija de nós seja que todos sejamos “outsiders” à nossa própria maneira – não no sentido de contrariar o mundo inteiro, mas de encontrar o que faz sentido para cada um, arriscando-se ao percurso tortuoso do desejo. Ciente de que, logo adiante, vamos perder o sentido mais uma vez e teremos de nos reinventar de novo e de novo, num processo contínuo de construção e desconstrução movido pela dúvida – e não pelas certezas.

Vivemos numa época de intenso movimento interno, em que se perder seja talvez o melhor caminho para se achar, mas nos agarramos à primeira falsa promessa como desculpa para permanecermos imóveis. Voltados sempre para fora e cada vez com mais pressa, porque olhar para dentro com a calma e a honestidade necessárias seria perigoso. Queremos garantia onde não há nenhuma, sem perceber que o imprevisível pode nos levar a um lugar mais interessante. Podemos finalmente andar por aí desencaixotados, mas na primeira oportunidade nos jogamos de cabeça numa gaveta com rótulo. Ainda que disfarçada de vanguarda.”Eliane Brum